"No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento..."

(Mário Quintana)

terça-feira, 10 de abril de 2012

Rascunho

A tinta percorre
todo

o papel nú
rabiscando
toda alma
descobrindo
caminhos desfigurados
figurando a raiz
dos pensamentos
dando beleza
as bifurcações dos sentidos
pi
 co
   ta
      dos
da poesia.

terça-feira, 3 de abril de 2012

E as borboletas que se cultivavam no estômago partiram no inverno, levando entranhado no panapaná a tinta azul da caneta, e as letras, e os motivos que faziam elas estarem alí , dentro de mim.






domingo, 1 de maio de 2011

Entre tanto amor,entretanto a dúvida .




 Era sonho e você me beliscou. Era céu e você me alcançou. O problema é que eu te amo, mesmo com as marquinhas dos beliscões, mesmo sentindo meu corpo meditando no centro da Terra . Caminhando na tua areia movediça, deixo-me cair quando te olho e volto a superfície quando dispersa os olhos.
 As interrogações roubam o papel de protagonista dos pontos finais na novela feita de frases que tento lhe escrever.
- O nosso amor basta .
- O nosso amor basta ?

 Em resposta, escolho ficar no meio termo, em meio de tantos termos, preferindo o incerto. Meio precipício, desses que a gente mergulha de cabeça e olhos fechados, sem saber o ponto certo em que o crânio se partirá. A expectativa de conhecer a deliciosa certeza estranha de nós dois, que mais me motiva a pular do trampolim.
  Mas se houver escuridão,acho que estarei ao teu lado,enxergando, com os olhos da alma, o futuro que nos há de vir ou nos dará adeus. E se ,por acaso, houver luz ,acho que ainda estarei de baixo do nosso cobertor, esperando o teu abraço e fazer moradia no teu peito e ,assim, fugir do clarear que provoca minha pupila.
 Enquanto houver inexatidão, eu vou te amar por nosso jeito ser assim de natureza duvidosa. Acostumei com o medo do que é real e concreto, já que tu afastastes o chão de mim desde quando me abriu o primeiro sorriso .
 Fico aqui, então , com nossas manias e carinhos, fico com o nosso cheiro,fico sentadinha no muro esperando vestígios teus no horinzonte. Fico com a certeza que é a incerteza de te amar. Fica  tudo aqui entre mim e você, entre nós, entretanto a solidão. Entre tanto amor, entretanto a dúvida .

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Contra tudo que um dia guardei na caixa de ideais, 
À favor de uma vontade .
Contra a paz que busco incessantemente, 
À favor do prazer de um pecado .
Contra um sorriso constante, 
À favor de um sorriso momentâneo .
Contra  convicções, 
À favor de incertezas  .
Contra a verdade, 
À favor de ilusões .
Contra mim , contra todos, 
À favor de CONTRADIÇÕES  .

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Numa terça .. um fim de tarde .

  

 A luz do entardecer, tímida pelas frestas da janela, quis iluminar o quarto, quis invadir o nosso espaço, quis fazer parte do nosso espetáculo, mas não havia lugar, ao menos, para suportar tanto desejo. Era apenas eu e você na melhor forma de convivio.
  E o sol nos reverenciou  por ter mostrado o amor viceral antes que ele partisse. Na verdade, nem avisamos a ele qual vagão, o supremo iluminado, deveria entrar, depois do último ato.
 Eu esmago todos os teus defeitos, abraço todas tuas excentricidades, te coloco no avesso sem travesseiros, acaricio teus cabelos no meu leito, no meu seio que fede a tua pele. Ouço tuas juras, tímida e afogada no mar da tua voz. Disse que me amava e eu disse que também, disse que tatuará meu nome e terá um filho meu. Mal sabes que já está eternizado em mim.
  Se eu pudesse parar aquele momento, pararia. Se eu pudesse viver o infinito
te amando, te amaria. Se toda a semana fosse assim, eu não reclamaria. Mas foi num fim de tarde. Imprevisível. Foi o fim de nossas máguas, uma prévia maravilhosa do que o destino poderia nos oferecer.